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GRUPO ESPECIAL 2020 – SEGUNDA

Beija-Flor, Vila Isabel e Mocidade foram os destaques da noite.

A primeira escola da noite de segunda-feira foi a São Clemente. Com críticas ácidas e esbanjando bom humor, a preto e ouro de Botafogo falou sobre o famoso “Conto do vigário”. Protestar com irreverência e leveza sempre foi a marca registrada da agremiação. E não foi diferente.
Enredo atual, com leitura fácil. Corrupção na política, religião e na situações mais comuns do cotidiano estiveram bem representadas em alegorias e fantasias, idealizadas pelo carnavalesco Jorge Silveira. Também foram lembradas falcatruas religiosas, que prometem milagres, como trazer a pessoa amada em três dias.
A bateria, vestida de “laranjas”, arrancou aplausos e gargalhadas.
Harmonia e Evolução não foram problemas para a São Clemente.

Contando a história da fundação de Brasília por meio de um conto indígena, a Unidos de Vila Isabel foi a segunda escola a se apresentar. Confirmando o favoritismo, já no Setor 1 o público gritava “É campeã”.
Considerado por muitos um enredo confuso, a plástica da escola foi do mais alto padrão, com alegorias e fantasias impecáveis, volumosas e de visual harmonioso.
A bateria, comandada por Mestre Macaco Branco, deu um espetáculo na Avenida. Conseguiu levantar um samba que até então era considerado “médio”.
A comunidade de Vila Isabel deu um show de Harmonia. A escola coesa, sem buracos, com mesmo andamento, com certeza garantirá o 10 em Evolução.

O que não faltou no Salgueiro foi luxo e bom gosto. A terceira escola da noite contou a história de Benjamin, o primeiro palhaço negro do Brasil.
Fantasias e alegorias do mais alto gabarito, assinadas pelo excelente carnavalesco Alex de Souza. Talvez o grande trunfo da escola. Alegorias com movimentos, bem humoradas, com grande impacto visual. Fantasias com cores vibrantes e quentes, confeccionadas com materiais nobres. A ala das baianas, representando as cartomantes, foi um capítulo à parte. De extremo bom gosto, as cabeças recheadas de imensos rabos de galo vermelhos e roupas com bordados em profusão.
O entrosamento da dupla Quinho e Emerson Dias como intérpretes do samba parece ter dado certo. Vestidos com fantasias alusivas ao enredo, levaram no gogó o samba da escola.
Bateria com impecável apresentação. Os irmãos Guilherme e Gustavo, Mestres da Furiosa, mostraram amis uma vez ao que vieram. Destaque para a bossa do circo.
Algumas alas cantando o samba, outras nem tanto, podem ter prejudicado a Harmonia. A Evolução sofreu um pouco, com fantasias volumosas e alegoria que empacou em frente à cabine julgadora.

A Unidos da Tijuca trouxe de volta ao seu time o carnavalesco Paulo Barros para falar da história da Arquitetura e do Urbanismo.
As fantasias conseguiram transmitir a mensagem, com bastante clareza. Assim como as alegorias. Destaque para os imensos pavões da abertura da escola, cujas penas retratavam réguas usadas pelos arquitetos. Aliás, a fantasia leve da bateria, que representava os trabalhadores da construção civil, possibilitou uma ótima performance da Pura Cadência do Mestre Casagrande. As alegorias, com muita gente em cima (marca de Paulo Barros) surpreendeu pela simplicidade. Destaque também para a última alegoria “Minha felicidade mora nesse lugar”, que retratou com muito bom gosto o Rio de Janeiro de vários ângulos: praia de Copacabana, Vista Chinesa, Zona Portuária, Morro do Borel e o Cristo Redentor, pedindo PAZ e abraçando, literalmente, a cidade.
A Harmonia não teve problemas. Com menos alas coreografadas e mais soltas, o desfilante ficou mais à vontade. Cantando e dançando bastante, a escola garantiu uma boa Evolução.

A penúltima escola a desfilar, Mocidade Independente, homenageou uma de suas maiores estrelas, em vida. Com o enredo “Elza Deusa Soares”, a verde e branco de Padre Miguel fez um desfile digno, à altura de sua homenageada.
Com um desenvovimento de enredo primoroso e um samba belíssimo, a escola emocionou o público e a própria Elza.
As presenças de Elza no carnaval carioca, em desfiles do Salgueiro em 1969, e da própria Mocidade, de 1973 a 1976, foram lembradas
Criticados no pré carnaval, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Diogo Jesus e Bruna Santos, se apresentou muito bem e mostrou habilidade na coreografia.
Alegorias e fantasias pertinentes ao enredo. Alegorias bem acabadas e com bom uso do material, com bom gosto e clareza. Fantasias volumosas, formando um belo conjunto.
A partir da ala “Fênix: a reinvenção da deusa”, o desfile exaltou a volta por cima. Elza Soares foi retratada como porta-voz das mulheres e da comunidade LGBTQI+.
Com um belo samba a seu favor, a Harmonia não teve problemas, bem como Evolução, já que a escola se manteve coesa, no mesmo andamento e alinhada, do início ao fim do desfile.

Para a Beija-Flor, o carnaval de 2019 é para se esquecer. Depois de uma das piores colocações de sua história, a Soberana decidiu dar a volta por cima e se apresentar como sempre gostou: com muito luxo, pompa e brilho.
O enredo “Se essa rua fosse minha” foi desenvolvido pela dupla de ouro do carnaval: Alexandre Louzada e Cid Carvalho. Coube aos dois artistas trazer de volta o orgulho nilopolitano.
Destaque para a comissão de frente, que já arrancava aplausos no Setor 1. A apresentação mostrava gangues rivais disputando o domínio sobre as ruas. Nesse embate, chegavam as pombagiras, que traziam a mensagem de Exu, o verdadeiro dono do lugar. A arquibancada foi ao delírio.
A Deusa da Passarela trouxe para a Avenida o número máximo de alegorias permitido pelo Regulamento: seis. Todas com o mais alto requinte e detalhes, marca registrada dos carnavalescos. Fantasias luxuosas e bem desenvolvidas, soluções inteligentes e com fino acabamento, faziam uma ligação clara com as alegorias.
O samba, na voz de Neguinho da Beija-Flor, funcionou bastante na Avenida, contagiou o público e os componentes cantaram a plenos pulmões.
Os ritmistas, como sempre, deram um show.
O chão da escola é um capítulo à parte. Cantando alto e forte em todas as alas. O início lento do desfile e a correria no final podem custar alguns décimos à Evolução da escola.
Beija-Flor se credencia às primeiras posições, podendo levantar a taça.