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Grupo Especial RJ 2023: Mangueira se destaca no domingo

O desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio foi de 8 a 80, com a primeira noite marcada por alguns erros, deixando a decisão pelo campeonato para a segunda-feira.

A missão de abrir o espetáculo coube ao glorioso Império Serrano, campeão da Série Ouro 2022. Bateria comandada por mestre Vitinho deu show, destacando o jovem mestre a uma vaga no time dos grandes. Uma notória revelação, sem dúvidas. O visual imponente, alegorias majestosas e um enredo emocionante (Arlindo Cruz) fizeram com que o imperiano se sinta credenciado a permanecer na elite do carnaval carioca.

Outro sambista homenageado, nesse caso pela Grande Rio, Zeca Pagodinho era uma das figuras mais aguardadas no desfile. O burburinho em volta do enredo movimentou o pré carnaval, o que gerou grande expectativa para a apresentação oficial. Uma profusão de musas e artistas abrilhantaram a homenagem. O belo visual e ótimas soluções estéticas, fantasias muito bem idealizadas e desenvolvidas e de fácil leitura podem ser prejudicadas na avaliação final por conta de problemas em evolução, buracos e falta de iluminação em alegoria.

 

A Mocidade Independente de Padre Miguel apresentou alguns problemas de acabamento nas alegorias, além dos problemas em evolução. Ponto positivo foi a apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola. Não se pode deixar de mencionar o cuidado na criação e confecção das fantasias, com um belo jogo de cores, pelo estreante na verde e branco, Marcus Ferreira.

A Unidos da Tijuca talvez tenha apresentado a mais fácil leitura do seu enredo sobre a Baía de Todos os Santos. Fantasias que poderiam cair no clichê, foram bastante inventivas, de bom gosto e principalmente o belo uso das cores pelo carnavalesco Jack Vasconcelos. O carnavalesco parece que resolveu “inovar” e saiu da “moda” dos carros alegóricos quadradões e usou uma arquitetura desigual, com as saias dos carros com curvas e volumes, lembrando bastante as alegorias dos anos 90. Isso deu um visual totalmente diferente. Uma pena que, em alguns momentos, problemas com acabamentos apareceram, ficando mais notório na última alegoria, que parecia que não conseguiram erguer de forma correta a escultura do Farol. A bateria, como de costume, deu um show, e sua rainha Lexa distribuiu sorrisos, simpatia e atenção, já na Armação da escola.

Da Tijuca para a Tijuca, só que dessa vez em vermelho e branco. O Salgueiro, penúltima a desfilar no domingo, tinha a missão de tentar explicar o enredo, já que muita gente alegou que não conseguiu entender. Com uma plástica de encher os olhos, o carnavalesco Edson Pereira mostrou que é mestre no assunto. A opulência das fantasias e o esmero nos detalhes das alegorias foram de receber aplausos, no entanto o gigantismo dos carros alegóricos acabou criando um obstáculo para a boa evolução da escola, que ficou um bom tempo parada. A comissão de frente foi um dos pontos altos, e a emoção de ter Quinho do Salgueiro fazendo a chamada para o início do desfile, deixou os salgueirenses animadíssimos.

Componente da Mangueira

 

O mangueirense é algo fora do comum. A verde e rosa nem bem chegou à armação e o canto já estava a plenos pulmões. Uma onda de emoção e gana em fazer certo vai tomando conta de todos que ali estão. A ponto dos diretores de harmonia pedirem que se aguardasse a hora do início do desfile. Mas não tinha jeito, o povo queria entrar na Avenida! Com o samba na ponta da língua e sua bateria absurdamente perfeita, a Mangueira fez um desfile arrebatador, com pequenos erros que talvez não prejudiquem tanto assim o resultado. Muito criticados no pré carnaval, os carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão mostraram bastante competência nas fantasias e alegorias, com ótimo uso de materiais e cores. A presença de figuras ilustres, como a cantora e agora Ministra da Cultura do Brasil, Margarete Menezes foi um dos muitos pontos altos do desfile. Alcione e Rosemary, ilustres mangueirenses, vieram em tripés exclusivos, que davam à elas, um protagonismo merecido. A rainha da bateria Evelyn Bastos, muito à vontade pela armação da escola, sem seguranças, atendia todo mundo com elegância e gentileza. Entrou, assim, plena, na Sapucaí, representando “Os encantos de Oxum”. Mas o ápice do desfile foi a apresentação do primeiro casal, de fazer mangueirense e não mangueirense chorar de emoção. A porta-bandeira Cintya Santos parecia parafrasear o próprio samba da escola: “Quando o verde encontra o rosa toda preta é rainha”.
A Mangueira foi, evidentemente, a rainha do domingo.

Matéria: Edson Siqueira

Fotos: Gisele Mendes

Em parceria com ziriguidum.net.br